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Estruturas Narrativas

Atualizado: 27 de mar.

Técnica de 2 e 3 ATOS



A estrutura de narrativa em 2 atos é uma abordagem menos convencional comparada à tradicional estrutura de 3 atos, mas ela pode ser bastante eficaz dependendo da história que você deseja contar. 

Aqui está uma visão geral:


1º ATO: o início.

Este ato é dedicado a estabelecer a tríade de qualquer história: personagem, ambiente e ação. Logo, é a apresentação dos personagens principais, que precisam aparecer logo nas primeiras linhas, como Hemingway fez em sua obra O Velho e o Mar e iniciar o conflito no espaço e tempo em que ele irá ocorrer. Em resumo, este ato é dividido em três partes principais:

  1. Introdução: Apresenta o mundo da história, estabelece o tom e introduz os personagens principais.

  2. Incidente Incitante: Um evento ou decisão que desestabiliza a vida dos personagens e dá início ao conflito principal da história.

  3. Primeira Virada: Marca o fim do primeiro ato e lança os personagens em uma nova direção, geralmente aumentando a tensão e complicando o conflito.


2º ATO: o desenvolvimento e a resolução.

Aqui engloba o desenvolvimento do conflito principal, os obstáculos que os personagens enfrentam e, finalmente, a resolução da história. Ou seja, é a hora de criar os conflitos e manter sempre a tensão no ar. Também pode ser dividido em três partes:

  1. Desenvolvimento: Aqui, a narrativa se aprofunda, os personagens enfrentam desafios crescentes e o conflito se intensifica.

  2. Clímax: O ponto de maior tensão na história, onde os conflitos chegam ao auge e as decisões críticas são tomadas.

  3. Resolução: Após o clímax, as consequências das decisões são exploradas, e a história caminha para uma conclusão satisfatória, respondendo às principais questões levantadas no início.

Esta estrutura de dois atos é mais direta e pode criar uma narrativa mais concisa e intensa, especialmente em histórias curtas ou que desejam focar profundamente em um único conflito sem muitas subtramas.

Agora, vamos analisar as principais diferenças entre a estrutura de narrativa em 2 atos e a mais tradicional em 3 atos:


Estrutura em 2 Atos

1. Ato 1: O Início

  •  Introdução do cenário e personagens.

  •  Incidente Incitante que desencadeia o conflito.

  •  Primeira Virada que leva os personagens em uma nova direção.

2. Ato 2: O Desenvolvimento e a Resolução

  • Desenvolvimento dos conflitos e desafios.

  • Clímax onde a tensão chega ao auge.

  • Resolução que encerra a história de forma satisfatória.


Estrutura em 3 Atos

1. Ato 1: Introdução

  • Apresentação do mundo, dos personagens e da situação inicial.

  • Incidente Incitante que perturba o equilíbrio.

  • Primeira Virada que leva ao próximo ato.

2. Ato 2: Confronto

  • Desenvolvimento do conflito.

  • Obstáculos e reviravoltas que complicam a história.

  • Clímax, onde ocorre a maior tensão.

3. Ato 3: Resolução

  • Desfecho e resolução dos conflitos.

  • Consequências e fechamento da história.


Comparação e Implicações

  • Complexidade: A estrutura de 3 atos tende a ser mais complexa, com maior espaço para desenvolvimento de personagens e subtramas. A de 2 atos, por ser mais direta, pode resultar em uma narrativa mais concisa.

  • Tensão e Pacing: A estrutura de 3 atos permite uma construção mais gradual da tensão e uma distribuição mais equilibrada dos eventos. Na estrutura de 2 atos, a tensão pode ser mais intensa e compacta, com menos tempo para desvios.

  • Foco Narrativo: Em 2 atos, o foco é geralmente mais concentrado em um único conflito central, enquanto em 3 atos é possível explorar múltiplos conflitos e relacionamentos.

  • Flexibilidade: A estrutura de 3 atos é mais flexível para histórias longas, como romances e filmes, enquanto a de 2 atos pode ser adequada para contos, curtas-metragens ou histórias com um escopo mais limitado.

Essas estruturas podem ser adaptadas e combinadas conforme necessário para atender às necessidades da narrativa que o escritor deseja criar.


Exemplos de obras que possuem 2 ATOS:

Teatro e Literatura


1. “Esperando Godot" de Samuel Beckett: Essa peça é um exemplo clássico de narrativa em 2 atos. Cada ato reflete uma espécie de espelho do outro, enfatizando a repetição e a estagnação dos personagens.

2. "Noite de Reis" de William Shakespeare: Embora muitas das peças de Shakespeare sigam uma estrutura de 5 atos, "Noite de Reis" pode ser interpretada como uma narrativa em 2 atos, especialmente em algumas adaptações modernas que simplificam a estrutura.


Cinema

1. "Toy Story" (1995): O primeiro filme da franquia "Toy Story" pode ser visto como uma narrativa em 2 atos, com o primeiro ato centrado na vida de Woody e Buzz antes de serem separados, e o segundo ato focando na jornada de ambos para voltar para casa.

2. "Mad Max: Estrada da Fúria" (2015): Este filme pode ser interpretado como tendo uma estrutura de 2 atos, com o primeiro ato dedicado à fuga dos protagonistas e o segundo ato centrado no retorno deles.


Quadrinhos

1. "The Killing Joke" de Alan Moore: Essa graphic novel é frequentemente analisada como tendo uma estrutura de 2 atos, com o primeiro ato construindo a história de origem do Coringa e o segundo ato focando no confronto entre Batman e o Coringa.

Esses exemplos mostram como a estrutura em 2 atos pode ser usada de maneira eficaz em diferentes formas de mídia. Ela pode ser uma ferramenta poderosa para criar narrativas focadas e impactantes.


Quer saber mais sobre os bastidores de grandes histórias?

Fique comigo e atento a novas publicações.



Helena Klein é hoteleira, psicanalista clínica, professora de inglês e agente cultural. Foi Diretora do Núcleo de Arquivo Histórico e Biblioteca de Nova Petrópolis/RS. É membro do Coletivo de Escritores de Nova Petrópolis e conselheira no Conselho Municipal de Políticas Públicas Culturais, no eixo Livro, Literatura e Biblioteca. Atualmente, é Secretária do Colegiado do Estado Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca. Acadêmica do 8º semestre de Licenciatura em Letras – Português, é integrante do diretório acadêmico de Letras Mario Quintana da UCS como Diretora de Cultura EAD e é caloura na graduação de Escrita Criativa/UNIASSELVI.

É autora de romances, contos e crônicas, participou de oficinas literárias e publicou obras coletivas como Contos Contemporâneos. Incentivada por Alcy Cheuiche, publicou A Caixa de Brinquedos - Die Spielzeugekiste, A Caixa de Brinquedos – o ano da pandemia e Efeitos do Amor. Lançou na Bienal Internacional do Livro de SP/2024 o livro Short Stories for Fearless Kids. Além disso, tem várias crônicas e contos em diversas antologias nacionais e internacionais; e e-books como Insanis, Hver Torsdag er Magi e A Casa. Desde 2024, ministra a oficina La Petite Fabrique de Littérature. Faz parte da startup Sinapse Cultural, que tem como premissa a economia criativa e o incentivo e apoio aos produtores culturais: www.sinapsecultural.com.br.

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