top of page

A nova “Caverna de Platão”

Atualizado: 27 de mar.



A rapidez com a qual as informações são propagadas através da internet, pelas redes sociais, plataformas de streaming, podcasts entre outros, exige das pessoas, cada vez mais agilidade de raciocínio para absorver a vasta quantidade de acontecimentos em suas conexões sociais.

Por sua vez, quem vive no núcleo mais próximo, - mães, pais, avós, filhos, tios, tias, maridos, esposas destes usuários – não têm a mesma atratividade e agilidade na resposta do que o feed de uma rede social.


As predileções pessoais, músicas, hobbies, opinião, entretenimento o qual buscam são sugestionados através de uma fórmula matemática (algoritmo usado nas redes sociais baseados nas buscas já ocorridas que ficam no histórico dos app’s) incrivelmente atraente, que força os dedos a atualizar numa velocidade alucinante os canais de comunicação oferecidos nos smartphones, tablets ou computadores.


A pergunta central é: porque esta necessidade em provar o pertencimento a determinado grupo ou assunto? Deixar de lado quem de fato faz este “pertencimento” fazer sentido é loucura.

O mundo virtual está aí, fato. Um benefício para quem o usa com sabedoria e sabe, que infinitas possibilidades de conhecimento vêm dos quatro cantos do mundo e estão na palma de sua mão!


Quão grandiosa é nossa época! Quem tem o objetivo de adquirir conhecimento, não mais necessário é andar quilômetros, enfrentar condições precárias de estrutura colegial, curricular e até docente para tê-lo. Todo e qualquer conhecimento, é possível adquirir pela web, através de cursos, boas leituras, com excelentes referências e bons profissionais à disposição e tudo on-line. Universidades de notoriedade mundial disponibilizam graduações e cursos gratuitos ou a valores irrisórios. Por quê, então, perder-se em um eterno deslizar de dedos em uma rede social?


Penso que, geralmente, quando não conseguimos lidar com alguma coisa dentro de nós, algo que tenhamos dificuldade em expressar, ou até mesmo definir, afastamo-nos por um tempo da realidade que se apresenta hostil, para adquirir maturidade e, na hora certa, resolver, correto?

As pessoas que se abrigam nos smartphones estão se auto hipnotizando para adiar uma reforma íntima, ou seja, como o ditado diz: - “O cidadão só muda quando aprende ou quando cansa de sofrer.” 


Faço a analogia à Caverna, que Platão cita em seu livro A República, em que cidadãos viviam acorrentados no interior de uma caverna e a única realidade que conheciam, eram as sombras que se moviam em uma parede à sua frente, motivadas por uma fogueira na entrada da caverna. Quando um dos integrantes do grupo conseguiu sair, viu que o mundo real, era o que estava fora dali. Ao entrar e contar aos demais, este foi considerado louco e os moradores optaram por continuar na ilusão do que viam.


Em nossa era, os que abusam de telas são os moradores da caverna. Eles relegam as relações humanas e durante este processo, todos ao redor, acabam recebendo a parcela que lhes cabe desta transformação, mesmo que em estágio inicial: o abandono emocional.

Filhos ignorando pais, netos negligenciando a velhice de avós, esposos ou esposas esquecendo-se do compromisso matrimonial, pais e mães deixando para o lado os momentos preciosos de estar com seus filhos. Desenhado o quadro do caos social de nosso século.


Esta frieza abre um abismo entre eles, causando quadros depressivos cujas soluções muitas vezes encontradas são alertas para a saúde pública. Drogas, álcool, imunodepressão, depressão, doenças psicossomáticas e no pior dos casos, suicídio.

Da mesma forma, aqueles que consomem os conteúdos digitais sem moderação, de forma a prejudicar suas relações íntimas provocando uma reação em cadeia, também estão sujeitos a propensões patológicas, pois dependência digital é uma doença.


A melhor forma de solucionar, é o diálogo, porém, deve vir de forma espontânea de ambas as partes. Discussões acaloradas só dão propensão a violência, o que só pode levar ao retrocesso.

As relações humanas são um desafio, sempre o foram. Que possamos usar as tecnologias com moderação, sem perder o contato olho no olho e aproveitar juntos todas as facilidades que a vida moderna nos traz.


Que as plataformas digitais sejam em nossas vidas o que realmente foram como objetivo inicial: uma ferramenta para atingir um propósito, não uma “caverna” onde homens e mulheres imaturos emocionalmente vão se distanciando da realidade do século XXI.


Referências:

A República – diálogo socrático escrito por Platãofilósofo grego, no século IV a.C.

Além da Vida – 2024 - Jenifer Martens



Jenifer Lüdke Martens é escritora, jornalista, designer e terapeuta integrativa. Atua nas áreas unindo a escrita à prática do design, mídias sociais e a sensibilidade nata. É agente cultural de Nova Petrópolis e faz parte do Coletivo de Escritores da cidade. Com 17 anos de experiência na área de Jornalismo, Design e Mídias Sociais, Jenifer escreveu seu primeiro livro “Além da Vida” em 2024, o qual executou todo o processo. Tem participação na Antologia Contos Germânicos de Geração para Geração do mesmo ano. Seu Blog Além da Vida traz reflexões e artigos valiosos para o desenvolvimento pessoal e possui mais de 4K seguidores. Ministra cursos sobre Redes Sociais. Desenvolve campanhas de publicidade, materiais de marketing e tem como objetivo aproximar as áreas e transformar a sociedade com arte, autoconhecimento a proposta do ser integral.





Comments


bottom of page