Sobre Nomes... O nome Portão
- Jussara Prates
- 12 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de mar.

Se ainda não passou pela dificuldade de escolher um nome, seja para um filho, empresa, produto ou bichinho de estimação, acredite, ainda viverá esse dilema e, certamente, se tornará uma interessante experiência. Vai quase enlouquecer com as variáveis e sofrerá pelas dúvidas. Inúmeras vezes se questionará: Será que estou fazendo a escolha certa? E depois de escolhido, de vez em quando, ainda vai se questionar sobre a decisão tomada.

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Com o passar do tempo, vai aos poucos percebendo que a escolha foi óbvia e perfeita, parecendo que sempre fora assim. Nos acostumamos com as denominações de tudo.
É o caso dos nomes dos municípios, às vezes parecem estranhos ou engraçados, mas para os moradores, que historicamente o conhecem e sabem das motivações para tal, ele lhes parece natural e adequado. Isso ocorre porque, ao longo da vida, ouvimos e lemos histórias sobre o lugar onde vivemos e essas informações fazem parte da memória coletiva, naturalizada de geração em geração.
Para alguns, pode parecer estranho que um município se chame Portão, para nós não, afinal, desde sempre sabemos que entre os anos de 1788 e 1789, por recomendações da coroa portuguesa, foi construído um portão. Entre outras funções, ele delimitava essa parte do território da Feitoria do Linho Cânhamo e impedia que o gado, criado na Estância Velha, escapasse pelo arroio Correa, o atual arroio Portão, em direção ao Rincão do Cascalho. Sabemos também, que o mesmo se tornou referência de localização entre os tropeiros que circulavam nessa região e acabou, naturalmente denominando a localidade. Assim, duzentos e tantos anos depois, o nome Portão nos parece óbvio e adequado.

Nas proximidades da atual Praça Ramuel Rodrigues da Rosa é que foi construído o portão, entre 1788/89 não se tem dados sobre a localização exata.


Segundo registros, nos primeiros tempos o portão ficava trancado sendo aberto por um guarda/feitor que morava nas proximidades. A Feitoria do Linho Cânhamo foi desativada em 1821, pouco antes da chegada dos alemães em 1824 e parte dessas terras passaram a compor a Colônia de São Leopoldo, iniciando-se assim, um novo ciclo na história regional.

Foto de Isaías Mattos, 2009
O portão está, simbolicamente, representado no monumento embaixo do viaduto Alfredo Lemmertz, que remonta à ideia de estarmos atravessando um portão quando adentrarmos o centro da cidade.


É um elemento histórico que povoa o nosso imaginário e já serviu de inspiração para trabalhos de alunos e produções poéticas, contribuições valiosas para a manutenção da identidade e da memória local.


https://www.consolidesuamarca.com.br/
registro-de-marcas-portao-rs
Que o verso a seguir nos inspire a olhar com mais poesia para a nossa Portão.
“Nascido no tempo antigo
Entre e o Sinos e o Caí,
Logo fizeram de ti
O mais sincero amigo
Pois serviste de abrigo
Do escravo e do tropeiro,
Que a cavalgar o dia inteiro
Cruzando o campo deserto,
Te encontrou “Portão” aberto
E um solo hospitaleiro”
(“Rememorando” de Ernani de Oliveira Nunes)
* Jussara Prates é escritora, pesquisadora e produtora cultural, transita em diversas áreas da cultura com obras publicadas sobre educação, projetos escolares, educação antirracista, história, história de municípios, literatura, diversidade e educação para o patrimônio. Ativista pela democratização e acesso a cultura é defensora da educação para o patrimônio como forma de valorização e apropriação do patrimônio cultural como elementos geradores de cidadania e identidades. Foi membra do Colegiado Setorial de Memória e Patrimônio do Rio Grande do Sul, trabalhou na área da Gestão da Cultura, foi uma das idealizadoras e Diretora do Museu e Arquivo Municipal de Portão. Coordenadora dos processos de tombamento do primeiro Patrimônio Natural, o Pinheiro Multissecular e do primeiro Registro de Patrimônio Imaterial, o Festival Internacional de Folclore e uma das Curadoras do Memorial Histórico do Parque do Imigrante, todos em Nova Petrópolis/RS. Foi Diretora de Cultura e Secretária Adjunta de Educação, Cultura e Desporto de Nova Petrópolis. É Conselheira de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, participou como conselheira da 6ª Conferência Estadual de Cultura e representou o CEC/RS na 4ª Conferência Nacional de Cultura em Brasília, atuando ativamente na construção da Política Nacional de Cultura. Atualmente exerce a função de secretária da Diretiva do Conselho Estadual de Cultura/RS.
**Historiadora, Bióloga, Conservadora e Restauradora de Acervos, Pós -graduada em Gestão de Arquivos; Supervisão Educacional; Coordenação Pedagógica; Ecologia e Desenvolvimento Sustentável; Botânica; Zoologia e Diversidade, Cultura e Etnicidade
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