top of page
Foto do escritorJussara Prates dos Santos Girardi

João Gilberto, a batida da Bossa Nova




Bem-vindo (a)

O blog SINAPSE CULTURAL destina-se ao compartilhamento de conhecimento, ideias e opinião sobre Educação, Arte, Cultura e Informação, nas suas variadas e complexas formas de manifestações.



João Gilberto, a batida da Bossa


No dia 06 de julho de 2019, calou-se uma das vozes mais conhecidas da música. O mundo perdeu o cantor João Gilberto. Ele era o último dos criadores do estilo musical, mundialmente conhecido, Bossa Nova. Essa perda física leva à reflexão, afinal de contas, aprende-se pouco sobre a história da música brasileira na escola, ouve-se muito sobre a sua vida pessoal e quase nada sobre a incalculável contribuição da sua obra para a música brasileira e mundial.


Desconsidera-se o fato de que a história da música faz parte da história da formação humana. Quando deixamos de ensinar sobre o patrimônio musical do país negamos o direito e acesso de cada indivíduo ao acervo cultural, requisito básico para a plena formação humana. Essa negligência, no Brasil, tem sido um desafio em todas as áreas da cultura e afeta profundamente o conhecimento histórico sobre a música brasileira, considerada uma das mais variadas e ricas do mundo.


Na obra “Chega de Saudade”, publicada em 1990, de Ruy Castro, o autor declara que João Gilberto foi um dos responsáveis por reinventar a onda da música brasileira no final dos anos de 1950. “Nunca tão pouco tempo de música significou tanto, pois esse período dividiu a cultura brasileira em antes e depois. O canto a seco e sem ornamentos de João Gilberto não era propriamente novidade, mas, aliado ao violão que produzia um ritmo contagiante e inesperado, logo depois chamado de bossa nova, à complexidade harmônica de Tom Jobim e à sofisticação coloquial da letra de Vinícius de Moraes, resultaram num todo revolucionário”.


Inicialmente, a bossa nova era uma nova forma de tocar e cantar o samba, mais suave e harmônica e não demorou para que o gênero musical fizesse sucesso e ficasse conhecido no mundo todo. Este estilo musical foi influenciado pelo Jazz americano da época. Porém, a partir da década de 1960, acabou influenciando o próprio jazz e a música mundial.


Nas reportagens, noticiando a morte de João Gilberto, alguns jornalistas e pesquisadores afirmam que a música que ele interpretava dizia muito de um Brasil com esperança de desenvolvimento. Um país cantado com alegria, dramático em seus amores, popular em sua vivacidade. A sua voz, o seu violão e sua batida particular nos levava sempre a um Brasil imenso. Dava a entender que ele sempre cantava sentimentos de um país maior do que parecia ser. Assim, não deixa de ser uma ironia tê-lo perdido em pleno 2019, um ano absurdo para o campo das artes e da cultura no Brasil.


Ainda, segundo Ruy Castro, a música “Chega de Saudade”, primeiro grande sucesso de João Gilberto, está para a Bossa Nova como a carta de Pero Vaz Caminha está para o Brasil.


O LP “Getz/Gilberto”, lançado em 1964, é até hoje o álbum de jazz mais vendido da história, o que é surpreendente, por ser, na verdade, um disco de bossa nova e cantado em português. Deste disco, a canção “Garota de Ipanema” já foi interpretada por diversos e afamados cantores e também esteve presente em numerosos filmes.

Acredita-se que seja a segunda canção mais gravada na história, depois de "Yesterday", dos The Beathes, e já ganhou um Grammy de Gravação do Ano em 1965, sendo introduzida no Hall da Fama do Grammy Latino em 2001 e, em 2004, a canção foi adicionada ao Registro Nacional de Gravações pela Biblioteca do Congresso Americano devido a sua importância "cultural, histórica e estética que informam ou refletem a vida nos Estados Unidos.


Em 1962, grandes compositores e intérpretes brasileiros, entre os quais Tom Jobim, João Gilberto e Sérgio Mendes, apresentaram um concerto histórico na casa de espetáculos Carnegie Hall, em Nova York, nos estados Unidos. A partir daí, as canções da bossa nova começaram a ser gravadas por artistas americanos de projeção internacional, como Frank Sinatra, Stan Getz e Ella Fitzgerald.


O movimento que originou a Bossa Nova se findou em 1966, entretanto, seu fim cronológico não significou a extinção estética do estilo musical, o qual serviu de referência para inúmeras gerações de artistas.


Espera-se que com a morte de João Gilberto surja um movimento de pensamento, de memória e inovação artística que inspire o Brasil a acreditar novamente na sua grandeza cultural, voltando a ser um lugar de utopia.


* Jussara Prates dos santos Girardi - Escritora, historiadora, especialista em Educação e em Gestão de Arquivos. Graduanda em Biologia.

53 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Komentar


bottom of page