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Ideia não é projeto. Quais são as diferenças? E o que a Educação tem a ver com isso?


Certamente você já vivenciou diálogos que parecem literalmente uma “chuva de ideias”, na maioria das vezes são inspiradores e fazem muito bem. Alimentam a criatividade e enchem de esperança. Muitas dessas ideias são realmente inovadores e funcionariam, se colocadas em prática. São ideias sobre aperfeiçoamentos de produtos, serviços e a criação de tantos outros novos, inovadores e revolucionários. De fato, vivemos um período fértil de possibilidades.

 

Apesar de estarmos cercados por um amplo aparato técnico e tecnológico, a maioria dessas ideias “transformadoras” não saem do campo da imaginação.


Pode-se buscar várias justificativas para isso. Aqui, vou abordar uma que é básica, simples e elementar. A maioria das boas ideias não avançam por falta de sistematização. Para colocar em prática uma boa ideia é preciso pensá-la como um projeto.  


Dependendo da sua complexidade, um projeto pode ter muitas variáveis, mas existem elementos básicos e comuns a todos. A ideia, ou se preferir a inspiração, obviamente é o primeiro passo, seguido de uma estruturação como objetivos claros, escopo definido, recursos necessários, cronograma e equipe envolvida. Acrescenta-se a isso os “Ps”: Por quê? Para quem? Com que Propósito? Eis os critérios de sucesso.


Mas afinal, por que temos dificuldades em sistematizar boas ideias e organizar um projeto exitoso? Pensar, planejar são habilidades inerentes aos seres humanos e embora seja uma tarefa simples, temos dificuldades para sistematizar as ideias porque ao longo da vida escolar vamos nos acostumando a receber fórmulas e conhecimentos prontos. “Desaprendemos” a estimular nossas sinapses para buscar alternativas criativas e estruturadas para colocar em prática novas fórmulas e novos conhecimentos.


No livro Educação Democrática: O Impacto dos Projetos Escolares desenvolvo mais profundamente esta temática e apresento a defesa das práticas educativas desenvolvidas por meio de projetos, onde alunos, professores e escolas ultrapassam a bolha conteudista e pré-estabelecida e protagonizam no processo de construção do conhecimento de forma proativa.


No processo de ensino via projetos pedagógicos, o aluno aprende fazendo e reconhece a própria autoria naquilo que produz por meio de questões de investigação que lhe impulsionam a contextualizar conceitos já conhecidos e descobrir outros que surjam durante o desenvolvimento do projeto. E, é preciso dizer: A necessidade de pensar de forma ampla e estratégica nos acompanha ao longo de toda a vida.


Neste sentido, a educação pode aproveitar as possibilidades das práticas por meio de projetos e contribuir na mudança do entendimento sobre a construção do conhecimento. Quanto mais cedo se inicia as aprendizagens construídas coletivamente, elaborando hipóteses, objetivos, dividindo tarefas e trabalhando com prazos, mais significativo será o impacto das ideias colocadas em prática e executadas de forma eficiente.


Retomo a provocação do título deste texto. Ideia não é projeto. Quais são as diferenças? E o que a Educação tem a ver com isso?


Te convido para esta reflexão.



* Jussara Prates é escritora, pesquisadora e produtora cultural, transita em diversas áreas da cultura com obras publicadas sobre educação, projetos escolares, educação antirracista, história, história de municípios, literatura, diversidade e educação para o patrimônio. Foi membra do Colegiado Setorial de Memória e Patrimônio do Rio Grande do Sul, trabalhou na área da Gestão da Cultura, foi uma das idealizadoras e Diretora do Museu e Arquivo Municipal de Portão. Coordenadora dos processos de tombamento do primeiro Patrimônio Natural, o Pinheiro Multissecular e do primeiro Registro de Patrimônio Imaterial, o Festival Internacional de Folclore e uma das Curadoras do Memorial Histórico do Parque do Imigrante, todos em Nova Petrópolis/RS. Foi Diretora de Cultura e Secretária Adjunta de Educação, Cultura e Desporto de Nova Petrópolis. É Conselheira de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, participou como conselheira da 6ª Conferência Estadual de Cultura e representou o CEC/RS na 4ª Conferência Nacional de Cultura em Brasília, atuando ativamente na construção da Política Nacional de Cultura. Atualmente exerce a função de secretária da Diretiva do Conselho Estadual de Cultura/RS.

**Atualmente cursa Pós Graduação de Gestão Estratégica de Projetos. É Historiadora, Bióloga, Conservadora e Restauradora de Acervos, Pós -graduada em Gestão de Arquivos; Supervisão Educacional; Coordenação Pedagógica; Ecologia e Desenvolvimento Sustentável; Botânica; Zoologia e Diversidade, Cultura e Etnicidade



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