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Por:
*Jussara Prates dos Santos Girardi
Avenida Brasil, Portão RS
As avenidas, ruas, estradas e becos constituem o “organismo circulatório” de uma cidade. As cidades, vilas e povoações, ligadas ao longo do tempo através das picadas, trilhas, caminhos, estradas de ferro e de rodagem, e ainda a existência de embarcações, que singram pelas águas, bem demonstram a importância antropogeográfica destas “artérias” que interligam territórios, economia e culturas.
Av. Paulista 1902 Viaduto Otávio Rocha, POA RS, 1929.
Quando se conhece a formação de um espaço urbano, compreende-se melhor a sua história e como a estrutura urbana se processa através da permanente transformação e desenvolvimento da sociedade. Os núcleos urbanos dos municípios são fundamentais para o desenvolvimento e manutenção do comércio, da indústria e da comunicação com outros centros. Além disso, as mudanças no sistema viário acompanham a valorização do espaço ocupado.
Avenida Brasil, 1990/2000 Avenida Brasil, Portão RS, 1972
A disponibilidade de acessos e um adequado fluxo no trânsito facilita o desenvolvimento das cidades. Para isso, projetos precisam ser desenvolvidos e colocados em prática a fim de tornar a vida citadina mais dinâmica. Imaginem que, até poucas décadas atrás, a cidade de Portão não tinha a Avenida Brasil. Acessar os bairros Portão Velho, Estação Portão e Rincão do Cascalho significava atravessar toda a Avenida Ceará ou a Perimetral.... Gastava-se um turno inteiro pra resolver pequenas necessidades e a falta de vias para interligar esses núcleos isolados dificultava e atrasava o crescimento da cidade.
Desde a emancipação havia um projeto de abertura da Avenida, mas a primeira administração não chegou a realizar. Na segunda legislatura essa era uma reivindicação constante da comunidade, especialmente porque o núcleo mais urbanizado, que era o Bairro Estação Portão, estava agonizando devido às dificuldades de isolamento geográfico, esta região contava com importantes indústrias e as dificuldades de escoamento eram um entrave significativo. Nos idos de década de 1970, o senhor Alfredo Lemmertz, conhecido como “seu Alfredinho”, exercia a função de coordenador das obras e começou a defender a campanha pela abertura da Avenida.
Viaduto Alfredo Lemmertz
Contam algumas fontes orais que o prefeito da época, o Sr. Antônio José de Fraga, não via essa como prioridade em seu mandato. Mas, numa saída do prefeito, o seu Alfredinho assumiu a Prefeitura por alguns dias e viu nessa oportunidade a chance de atender a reivindicação da comunidade. Reuniu as poucas máquinas que tinha, conseguiu outras emprestadas com o prefeito de São Sebastião do Caí e deu início a abertura da atual Avenida Brasil.
Certamente essa ousadia gerou certa crise e atritos no governo municipal, mas não há como negar o imenso impacto positivo que ela provocou no desenvolvimento da cidade. Passadas algumas décadas é consenso dizer que a “Avenida” se tornou a principal via de acesso da cidade. Neste contexto, pode-se dizer que as cidades são “humanas”, isto é, além dos espaços físicos e geográficos, existem as pessoas, “o coração” que constroem e dão sentido aos lugares.
Avenida Brasil, Portão, RS (anos 80/90)
A cidade é um lugar de convivência dos agrupamentos humanos que, possuindo vários símbolos culturais e pontos de identificação, modelam a fisionomia de um lugar, e aproximam as pessoas através da sociabilidade e do sentimento de identidade coletiva.
Por vários anos a atual Avenida Brasil era conhecida como a “Transalfredinho”, uma alusão à Transamazônica, iniciada na mesma época. Por mais Alfredinhos no nosso município.
* Jussara Prates dos santos Girardi - Escritora, historiadora, especialista em Educação e em Gestão de Arquivos. .
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