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A comunicação e os seus desdobramentos na sociedade

Foto do escritor: Jussara PratesJussara Prates

Bem-vindos

O blog SINAPSE CULTURAL é um canal de compartilhamento de ideias, opiniões e conhecimentos sobre Educação, Arte, Cultura, Informação, Política e Saúde, nas suas complexas formas de manifestações.


Por:

*Jussara Prates

A comunicação desenvolve grande impacto, para o bem e para o mal, na nossa vida. E ter essa consciência é fundamental para um veículo de comunicação, seja impresso ou virtual. São muitas as funções da comunicação e do jornalismo na sociedade. Entre elas, citamos a contribuição para o crescimento intelectual do público leitor, trazendo notícias confiáveis e verdadeiras, servindo de veículo para formação de opinião e informação coerentes, contribuindo positivamente com a sociedade. A imprensa tem função vital para a democracia.


De outro lado, temos visto uma crescente onda de notícias falsas que provocam danos imensuráveis e desinformação, as chamadas Fake News, que propagam ódios, mal-entendidos e prejuízos no processo democrático, cultural e social.


Precisamos sair da bolha das redes sociais, usar nosso senso crítico e ficar atentos ao que lemos e divulgamos, pois mesmo sem querer, podemos estar contribuindo para a divulgação de notícias falsas e mal-intencionadas. Além dos prejuízos culturais e sociais, as Fake News estão custando caro para os governos que precisam agir na tentativa de inibir a ação de grupos especializados nesse tipo de (des) informação. Cabe a cada um de nós seguir certos critérios na hora de escolher nossas fontes de informação.


Nos jornais impressos sempre teremos referências de autor, jornalista responsável, dados das entrevistas que nos permitem confiar nas informações ali contidas, isso não quer dizer que precisamos concordar com tudo que lemos nos jornais, é claro. Mas, via de regra, esses são elementos importantes na confiabilidade da informação, da comunicação e do jornalismo.


Se fizermos uma retrospectiva do processo de desenvolvimento da comunicação humana, veremos que se inicia quando o homem do período da pedra lascada passou a viver em pequenos agrupamentos, estimulando o inter-relacionamento social. Seus gritos e gestos para se fazer entender leva o homem que vive na caverna a externar intenção e indicar objetos, sendo aprimorado com a linguagem, inicialmente restrita, depois com vestimenta de ideias, transmitindo conhecimento e criando acervo de raízes culturais.


A partir de pinturas rupestres, seguida das primeiras formas de escrita, o homem consegue desenvolver outras formas de comunicação. A escrita é a forma simbólica da linguagem falada e constitui uma grande invenção do homem, tornando possível preservar pensamentos, experiências e transmitir os conhecimentos obtidos às novas gerações.


Enquanto a linguagem se desenvolvia, os suportes e meios de comunicação também foram se aperfeiçoando. O surgimento do papel, inventado pelos chineses, substituiu as superfícies de pedra, os papiros e os pergaminhos de couro, então utilizados para a escrita.


O sistema de prensa tipográfica criado por Gutenberg, associado às possibilidades oferecidas pelo alfabeto romano, não somente possibilitou a produção de livros em grande escala, como propiciou o surgimento do jornal. Este sistema é considerado a origem da comunicação de massas por constituir o primeiro método viável de disseminação de ideias e informações a partir de uma única fonte.


Dava-se então o primeiro passo para a democratização da escrita e, consequentemente, do saber, pois o livro tornou-se portátil e o saber extrapolou os limites dos mosteiros, feudos e nações.


O surgimento e difusão da imprensa também estava vinculada ao desenvolvimento comercial e industrial das principais cidades da Europa. É com a imprensa que a cultura sai dos claustros e vai para as ruas, permitindo o surgimento do público leitor.


A produção de textos foi fundamental para a quebra do papel da Igreja como guardiã da verdade espiritual. Além de quebrar dogmas religiosos, a imprensa também serviu como instrumento de revoluções, movimentos ideológicos e revolucionários que, a partir do século XIX, se propuseram transformar o mundo.


A história da comunicação funde-se com a história da escrita e não caracteriza exagero afirmar que a tipografia instituiu a tecnologia moderna de comunicação, visto que antes, o que tínhamos eram tecnologias primitivas (tambor, berrante, fumaça) ou arcaicas (placa de barro, papiro, pergaminho). E não é um exagero dizer o quão prazeroso é abrir um jornal e inteirar-se das notícias, envolver-se e participar desse processo democrático chamado comunicação.


Segundo a associação mundial dos jornais, o primeiro jornal do planeta foi o Relationen, produzido por Johann Carolus, em 1605 em Estrasburgo. Afora isso, não é incomum encontrar textos que afirmam serem as Actas Diurnas publicadas em Roma desde 59 a.C, a origem do jornalismo.


No Brasil, o primeiro jornal foi o Correio Braziliense. Seu número inicial foi lançado em 1o de junho de 1808, por Hipólito José da Costa. Sua impressão era feita em Londres, porque a Coroa Portuguesa proibia a existência de impressoras na colônia. No mesmo ano, a família Real chegou ao Brasil trazendo nos porões dos navios as máquinas que iriam dar origem a Imprensa Régia, fazendo surgir o primeiro jornal impresso em território brasileiro.


A Gazeta do Rio de Janeiro foi fundada em 10 de dezembro de 1808 e publicava documentos oficiais e notícias de interesse da Corte, com linguagem bem parecida com os atuais diários oficiais. Nos anos seguintes foram surgindo outros periódicos, nos quais predominou o jornalismo panfletário da imprensa, que sobreviveu até metade do século XIX.


A imprensa chega ao estado do Rio Grande do Sul em 1827, quando foi criado o primeiro jornal sul-rio-grandense, O Diário de Porto Alegre, seguido de inúmeros outros, inclusive jornais étnicos que marcaram profundamente a história da comunicação no estado.


Como vimos, a comunicação e, especialmente os jornais, representam importante elo entre a sociedade, as autoridades constituídas e o conhecimento. Através do jornal, e outras mídias, a sociedade se manifesta, se informa sobre os fatos, forma opinião... e não é possível ter democracia sem opinião pública, sem informação e sem comunicação.



* Jussara Prates é escritora, pesquisadora e produtora cultural, transita em diversas áreas da cultura com obras publicadas sobre educação, projetos escolares, educação antirracista, história, história de municípios, literatura, diversidade e educação para o patrimônio. Ativista pela democratização e acesso a cultura é defensora da educação para o patrimônio como forma de valorização e apropriação do patrimônio cultural como elementos geradores de cidadania e identidades. Foi membra do Colegiado Setorial de Memória e Patrimônio do Rio Grande do Sul, trabalhou na área da Gestão da Cultura, foi uma das idealizadoras e Diretora do Museu e Arquivo Municipal de Portão. Coordenadora dos processos de tombamento do primeiro Patrimônio Natural, o Pinheiro Multissecular e do primeiro Registro de Patrimônio Imaterial, o Festival Internacional de Folclore e uma das Curadoras do Memorial Histórico do Parque do Imigrante, todos em Nova Petrópolis/RS. Foi Diretora de Cultura e Secretária Adjunta de Educação, Cultura e Desporto de Nova Petrópolis. É Conselheira de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, participou como conselheira da 6ª Conferência Estadual de Cultura e representou o CEC/RS na 4ª Conferência Nacional de Cultura em Brasília, atuando ativamente na construção da Política Nacional de Cultura. Atualmente exerce a função de secretária da Diretiva do Conselho Estadual de Cultura/RS.

**Historiadora, Bióloga, Conservadora e Restauradora de Acervos, Pós -graduada em Gestão de Arquivos; Supervisão Educacional; Coordenação Pedagógica; Ecologia e Desenvolvimento Sustentável; Botânica; Zoologia e Diversidade, Cultura e Etnicidade

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